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22 de março de 2009

Interiorrrrr X Capitarrrrr

Este caipira aqui está morando na capitarrrrr há quaaase 2 meses, segue ainda em fase de adaptação, sofrida, deve-se ressaltar.
A compra do apartamento não foi difícil, doeu no bolso, mas eu imaginava maiores dores de cabeça para encontrar o lugar ideal, um apartamento que eu gostasse e que estivesse dentro do meu orçamento, mas por incrível que pareça, achei fácil.
Meus problemas começaram com a compra dos móveis e eletrodomésticos. Não que tive alguma frescura ou dúvida sobre o que eu queria, primeiro faltou tempo para comprar tudo que eu precisava, gastei uma semana só para terminar tudo. Ok, mais uma tarefa cumprida e outra facada no meu já esfaqueado orçamento, mas o terror continuaria.
Lá no interiorrrrr você compra as coisas e às vezes tem a sorte de tê-las entregues no mesmo dia, e se for um caipira que nasceu com a buzanfa virada pra lua, a montagem também ocorre no mesmo dia, no máximo em 2 dias após a entrega. Sou Jeca Tatu, mas não tão inocente de esperar que o mesmo milagre fosse acontecer aqui em Sampa City, mas não contava com uma espera quase infinita. Minha sorte foi ter conseguido transportar algumas coisas no carro, itens essenciais de sobrevivência, tais como: um forno de microondas, um colchão de solteiro, uma máquina de café espresso e etc, porque se eu fosse contar com o prazo de entrega de 72h que me deram, ia me ferrar, pois acabei dormindo no chão/colchão de solteiro por 8 longos dias até que entregassem minha cama/colchão de casal; 10 dias para entregarem fogão, máquina de lavar roupas e TV; 11 dias para entregarem armários de cozinha, mesa e cadeiras, geladeira e guarda-roupas; 14 dias para entregarem os móveis da sala.
Depois dessa espera toda para entrega, chutem aí quanto tempo eu tive que esperar para os féladaputas aparecerem e montarem tudo.
10 dias? Ah, claaaro que NÃO! ¬¬
A montagem de TUDO terminou no dia 18/03, acreditem ou não.
Chegar em casa e todo santo dia ter que arrumar alguma coisa para o apartamento não parecer uma zona de guerra me emputecia, ligar na Central de Atendimento, falar com Gerente de logística e o escambal, além de não resolver merrrrrda nenhuma, só me estressava mais.
Havia me dado um prazo, esperaria até o dia 20/03, se meu apartamento não estivesse confortavelmente habitável, ia largar tudo, caçar uma caverna e viver como meu mais longínquo ancestral (mentira, ia comprar uma bomba e atirar na loja. MENTIRA! Ia só no PROCON mesmo :-/ ).
Enfim, já posso chamar meu apartamento de lar, doce lar.
Minha nova saga é arranjar uma empregada decente, porque quero dar um basta nessa vida de AméliO!
Com a minha sorrrrrte, chutem aí quanto isso vai demorarrrrr...

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5 de março de 2009

Vingança caipira – Terrorismo no interiorrrrr

Não me orgulho de certas coisas que fiz no passado e o que contarei a seguir está nessa lista.
Na nossa rua havia uma penca de crianças que brincavam juntas todos os dias depois da aula (alguns até nos intervalos na escola) e nessa rua havia um trecho bem arborizado, que fazia aquela sombra gostosa que ajudava a caipirada a não torrar os pés descalços no asfalto quente, mas havia um porém, as belas árvores estavam plantadas na calçada da nossa arquiinimiga mor, a "Poderosa Chefona", que odiava a molecada brincando em frente da casa dela, embora o fato dela não gostar jamais tivesse nos impedido de brincar por lá, e por culpa da nossa teimosia e do mau humor dessa senhora, ela resolveu pegar pesado, mandou aparar os galhos das árvores (privando-se da sombra só para ver se isso nos espantava de lá), passou arame farpado em volta dos troncos das árvores e dos galhos de fácil alcance e não satisfeita, lambuzou tudo com graxa também. Se algum moleque não fosse mutilado com o arame farpado ao tentar subir na árvore, certamente cairia ao agarrar um galho besuntado de graxa.
A "Poderosa Chefona" deveria ser fã do Hitler (até alemã ela era!) e ter algum manual sobre como "proteger" seu bunker ou deveria ter participado da Segunda Guerra Mundial (fazendo o papel de canhão, lógico) e se inspirado nas técnicas de construção de trincheiras.
Nos sentimos totalmente injustiçados e também provocados. Ela mutilou as árvores, tirou nossa sombra sagrada e utilizou "armamento" pesado com intuito de ferir algum de nós.
Resolvemos que isso merecia vingança. Arquitetei um plano simples, porém maquiavélico. Ficamos até beeem mais tarde na rua, cortamos os arames farpados com alicate emprestado do pai de um caipirinhas e libertamos as árvores (Oi, Greenpeace! :-P ), aí utilizamos a própria graxa que a "Poderosa Chefona" besuntou nas árvores para deixar recados não muito educados nos muros da casa dela E nos degraus que davam saída do portão da casa para a calçada E na maçaneta do portão.
Fizemos isso porque sabíamos que a velhota tinha um ritual matinal, que consistia em sair pelo portão carregando seu "automóvel" (a vassoura) e uma lata grande para colocar a sujeira, descer os degraus e varrer a calçada todos os dias, bem cedinho, antes de irmos para a escola.
Na manhã seguinte ao ato de "terrorismo", todos levantaram-se mais cedo do que o de costume, tomaram café e foram para a casa do caipirinha da "gangue" que morava em frente à casa da "Chefona" para assistir o tombaço de camarote, vê-la de pernas pro ar, com vassoura e lata voando e caindo de preferência em cima dela.
Sim, ela caiu, ficou de pernas pro ar, com o vestido arriado nos dando uma pequena visão do inferno, mas ela não quebrou nadinha (vaso ruim não quebra, comprovamos nesse dia), deve ter ficado uns dias com a buzanfa bem dolorida (a sorte dela é que tinha aquele traseirão para amortecer a queda), xingou uns palavrões bem feios em alemão e depois que o velho dela recolheu-a do chão e levou-a para dentro da casa, fomos para a escola, todos rindo e comentando a queda.
Enquanto fazíamos isso, a "Chefona", provavelmente sentada num almofadão, ligava para os pais de cada terrorista reclamando e exigindo que nenhum moleque pisasse na calçada dela novamente. Acho que ela foi bem enfática e ameaçadora, porque minha mãe me deu uma senhora bronca e ordenou que eu passasse sempre do outro lado da rua, certamente temendo uma retaliação da velhota, tipo minas terrestres plantadas sob a calçada.

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15 de fevereiro de 2009

As origens

Sempre morei na roça, lááááááá no interiorrrrr do estado de São Paulo (interiorrrrr mesmo, não isso que paulistanos chamam de interiorrrrr, como Campinas ¬¬ ).
Nasci numa semi-aldeia indígena chamada Tupã e mudei-me para Jaú (Jaurrrrr para os caipiras) aos 7 anos, ainda um caipirinha metido a besta por ter saído de uma aldeia para uma roça maiorrrrr.
Nessa fase da vida e naqueeele tempo (ah, a crise dos 30...tsc) morarrrrr no interiorrrrr era uma maravilha. Todo mundo do bairro se conhecia, a molecada não saía da rua, jogando bola descalço (e os mais perrrrrna de pau, perrrrrdendo a “tampa” do dedão do pé ao errarrrrr a bola e chutarrrrr o asfalto com aquela fome de fazerrrrr o golaço), apostando corrida de carrinho de rolimã bem na hora da novela das seis (que as velhas da vizinhança não perdiam nem por decreto e por causa da barulheira das rodinhas no asfalto, ficavam ligando reclamando para os pais dos capirinhas delinquentes e com isso acabavam perdendo a maledetta novela de qualquer jeito, bem feito!), brincando de esconde-esconde, de pé-na-lata (outra brincadeira que rendia briga com a velharada, pois usávamos uma daquelas latas antigas de óleo de soja e caprichávamos no chutão, para fazer estrondo mesmo!), jogávamos bets e quando a bolinha caía em alguma das casas das velhinhas amáveis, já era, não devolviam e desconfio que rezavam para que isso acontecesse todo dia nas novenas que elas frequentavam, só para terem o prazer de acabar temporariamente com nosso divertimento, mas, tínhamos estoques dessas bolinhas (e geralmente eu me arriscava invadindo a casa de alguma dócil idosa para recuperar a bola e não dar aquele mínimo prazer para ela, e claro, garantir que o estoque de bolas nunca terminasse), também tínhamos as corridas de bicicleta (que incrementávamos com pedaços de potinho de yakult para fazer aquele barulho maneiro e azucrinar ainda mais as nossas arquiinimigas - inclusive, entre elas, havia a “Poderosa Chefona“, que rende posts divertidos para o futuro), os passeios para descobrir cachoeiras (escondidos das mães, é claro), as molecagens na escola (sempre estudei em escola pública, então calculem...) e haviam as brincadeiras mais divertidas e interessantes do nosso pequeno universo: os bailinhos, gato-mia (pelamorrrrrdeallah vou garantir que se eu tiver uma filha...óh Allah, se fizerem com ela o que eu já aprontei, irei conhecer seu velho ex-amigo Lúciferrrrr antes dos 40!!!!!), de médico (de novo Allah, pelamorrrrr!!!!!)...[E o engraçado foi que acabei me torrrrrnando enferrrrrmeiro (aliás, a história da minha escolha profissional rende outro post interessantíssimo!)] e muitas outras brincadeiras e campeonatos sazonais (sempre fui o campeão de bola de gude! *orrrrrgulho*) que faziam com que não sentíssemos falta de shoppings, Mcdonalds (claro que quando algum caipirinha tinha a sorrrrrte de irrrrr para a capitarrrrr e visitarrrrr esses lugares, quando voltava virava a celebridade do bairro porrrrr meses com suas fabulosas histórias e passeios) e mesmo tendo nossos Ataris e o cinema, o legal mesmo eram as coisas simples.
Pois é, não posso negarrrrr minhas origens (em minha defesa, juro que não carrego no sotaque desse jeito forrrrrçado aí do post), sou um caipira com orgúio, sô!

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